Dimmi Amora, da Agência iNFRA
O governo do Rio de Janeiro pediu ao BNDES e aos consultores contratados para realizar os estudos de três concessões rodoviárias no estado que acelerem os trabalhos para que pelo menos o lote chamado de “Vias Metropolitanas” possa ter audiências públicas iniciadas em 2021.
O pedido foi feito no primeiro encontro entre o governo e o grupo, realizado na segunda quinzena de dezembro. De acordo com o secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Delmo Pinho, a situação é urgente e são necessários investimentos especialmente na Linha Vermelha, uma ligação entre a capital e as cidades da Baixada Fluminense.
A ideia inicial do projeto é criar um pedágio no trecho final da via (mais próximo à Baixada) que possa financiar dois grandes investimentos: a ligação da Linha Vermelha com a Via Light e a ligação da Via Light com a Rodovia Presidente Dutra.
Segundo Pinho, sem esses investimentos, não há como reduzir os engarrafamentos diários que hoje ocorrem no período noturno na Rodovia Presidente Dutra, que é a única rodovia de grande porte ligando a capital às maiores cidades dessa região.
“A Linha Vermelha é um negócio do tamanho da Ponte Rio-Niterói”, compara o secretário.
Pinho afirmou que o governo vai estar preparado para as críticas que vão ocorrer pela ideia de se criar um pedágio em área urbana. Segundo ele, a ideia é ter uma campanha de comunicação forte para mostrar que o valor a ser pago no pedágio vai compensar o tempo e os custos que os motoristas perdem hoje nos engarrafamentos.
De acordo com o secretário, a via teria maior segurança com sistema de vigilância podendo pagar a policiais para trabalhar no serviço de ronda armada. A maior vantagem, contudo, seria no ganho de tempo.
“A ideia é tirar o cara do engarrafamento da Dutra e jogar ele direto dentro das cidades. Só o que ele vai deixar de gastar de combustível com o carro parado já vai ser vantagem”, disse o secretário. “Temos que mostrar que os benefícios serão grandes.”
O BNDES também foi contratado para estruturar outros dois lotes de concessão no estado, o chamado Lote Sul, com as rodovias RJ-127-145-155; e o Lote Litoral Norte, com a RJ-106-162, ligando a região de Niterói a Macaé, que, segundo Pinho, podem ter as propostas finalizadas após o Lote Metropolitano.
Nos dois casos, de acordo com o secretário, a ideia é ter concessões mais simples, que tenham custos operacionais baixos (sem atendimento médico, por exemplo) e com baixos investimentos em ampliação de capacidade. Segundo ele, as rodovias são antigas e precisariam de algum investimento.
Mas o fluxo não sustentaria investimentos maiores, apenas um bom sistema de manutenção e conservação das vias, para o qual o caixa do governo já não tem mais capacidade de fazer.
“Não dá para ir do inferno para o céu direto. Precisa passar no purgatório. Tem rodovia dessas que é sem acostamento. Isso não contribui para a economia e segurança”, disse, citando os investimentos básicos que terão que ser implementados.
Além desses três lotes, o governo estadual tem dois lotes de concessões para as quais recebeu PMI (Proposição de Manifestação de Interesse). Um é para a implantação de uma rodovia entre o Porto do Açu e a BR-101, de 45 quilômetros. O outro para um lote que englobaria as rodovias Lote Norte, com as RJ-122-158-160-186.
Segundo Pinho é possível levar esses dois lotes de concessões para uma consulta pública ainda neste ano e finalizar a proposta para a licitação também em 2021. Segundo ele, os dois lotes estavam parados porque “a época não estava boa”.