23/06/2025 | 16h32  •  Atualização: 24/06/2025 | 11h22

Guerra não vai gerar inflação para petroleiras, mas pode levar à ‘reacomodação logística’ no mundo, diz CEO da Prio

Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA

Petroleira brasileira focada em exportação, a PRIO não tem no radar um aumento de custos em função de perturbações ligadas à guerra entre Israel e Irã, no Oriente Médio, disse nesta segunda-feira (23) o CEO da companhia, Roberto Monteiro. Ele falou em evento comemorativo dos 10 anos da empresa, no Rio de Janeiro. A escalada na cotação internacional do petróleo vai aumentar a receita da empresa, sem vir acompanhada necessariamente de uma corrida por novos projetos no setor, o que poderia inflacionar serviços como afretamento de embarcações de apoio, avaliou Monteiro.

O executivo não descarta, porém, o que chamou de “reacomodação logística” para o setor, com possíveis mudanças nos fluxos mundiais do produto e impacto no preço do frete de navios petroleiros. Isso depende da duração da crise e aconteceu na esteira da guerra da Ucrânia, quando a produção russa de óleo bruto e derivados deixou de abastecer a Europa, sendo redirecionada para outras partes do mundo, sobretudo Ásia, mas também América Latina.

“Os custos hoje dependem muito da atividade do setor. Esse aumento no preço (do petróleo) é muito pontual. Eu não vejo, hoje, projetos sendo aprovados por conta dessa escalada recente do preço. Você aprova novos projetos quando tem uma visibilidade, uma perspectiva de preços altos no longo prazo. Não sei se o que está acontecendo agora, se este fim de semana, é suficiente para mudar a cabeça do investidor”, disse, ao ser questionado sobre eventual pressão inflacionária.

“O custo das operações, o custo dos barcos, e assim por diante, depende muito das instalações que estão sendo feitas. Não vejo grande mudança, um grande crescimento agora. No Brasil, a Petrobras vai continuar instalando os FPSO’s que está instalando, demandando os ativos que está demandando”, continuou ao destacar o peso da estatal na formação dos preços ao setor.

Mas ele admite que uma crise mais prolongada pode ter impactos globais. “Esses eventos trazem ajustes grandes da cadeia logística do ponto de vista das mercadorias. Então pode ter uma reacomodação de custos sim. Mas é muito recente e é difícil precisar como isso pode impactar os custos do frete”, diz.

Com o acirramento do conflito entre Israel e Irã, o barril do tipo Brent subiu cerca de US$ 10, para a faixa dos US$ 75, em pouco mais de uma semana. Temores relacionados ao fechamento do estreito de Ormuz, controlado pelo Irã e por onde passa 25% do petróleo movimentado no mundo.

“É um horror a gente dizer que a guerra é uma coisa positiva. Mas ela é uma realidade. Hoje, o Brasil é um país que não tem nenhuma instabilidade geopolítica e produz bastante petróleo”, disse Monteiro.

Ele detalhou que a Prio deve produzir entre 38 e 40 milhões de barris este ano, se beneficiando da alta da commodity. “A conta matemática é simples: para cada dólar a mais no preço do barril, são mais US$ 40 milhões de receita. A gente ainda paga royalties e impostos, então essa alta não se traduz totalmente como resultado. Mas é isso”, completou.

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