Geraldo Campos Jr., Lais Carregosa e Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA
O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Márcio Rea, afirmou à Agência iNFRA que as investigações sobre a interrupção no fornecimento de energia na madrugada de terça-feira (14) terão como foco apurar as causas do incêndio em um reator de propriedade da Eletrobras na subestação Bateias, operada pela Copel, no Paraná. Após o incêndio, uma sequência de eventos levou ao blecaute que afetou todos os estados do país.
“Não sabemos ainda o que causou o fogo, será feita uma perícia no reator”, afirmou. Rea destacou que o episódio foi um evento isolado e que o “plano de emergência funcionou bem, conseguindo reverter [a interrupção] em questão de uma hora a uma hora e meia, e religar a energia nos estados”. De acordo com ele, o trabalho de elaboração do RAP (Relatório de Análise de Perturbação), para investigar o ocorrido, terá início na próxima sexta-feira (17), com duração de até 30 dias.
O incêndio foi registrado às 0h32 de terça (14) no reator do circuito 2 da linha de transmissão Ibiúna-Bateias. O fogo provocou o desligamento total da subestação da Copel. Com isso, houve a desconexão da interligação entre as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste. Neste momento, a região Sul estava exportando cerca de 5 GW (gigawatts) para o Sudeste/Centro-Oeste.
De acordo com o ONS, a partir do evento o restante do SIN (Sistema Interligado Nacional) deixou de receber a energia do Sul e da usina de Itaipu, “causando um desequilíbrio entre a demanda e a oferta de energia, fazendo com que o esquema de proteção do sistema Erac [Esquema Regional de Alívio de Carga] atuasse corretamente no Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte do país”. Isso provocou a suspensão de cerca de 9,7 GW de carga, cerca de 12% da carga de energia do país naquele momento.
Sequência de fatos
Segundo o diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, a perda do reator levou à queda da subestação, que em sequência atingiu todo o subsistema. “Ali é o foco das investigações porque foi justamente nesse ponto, nesse momento em que houve a perda desse reator de linha, nessa subestação [Bateias], que na sequência houve uma perda de toda a subestação”, disse à Agência iNFRA.
Christiano afirmou que o RAP também vai avaliar a sequência de eventos após o incêndio. “Já pedimos as oscilografias para ter a sequência de cada evento dos equipamentos dos agentes no perímetro da ocorrência para identificar qual é a causa raiz.” Ele citou a hipótese, por exemplo, do fogo ter afetado equipamentos próximos ou ter ocorrido algum “acionamento indevido de [sistema de] proteção em função do incêndio”.
Estados atingidos
A interrupção afetou todos os estados, com maior impacto em São Paulo, onde houve corte de 2,6 GW. À Agência iNFRA, fontes relataram uma lista de dez estados mais afetados pela interrupção, que concentram 7,6 GW de toda a carga cortada no SIN.
Além de São Paulo, a lista inclui Minas Gerais (1,2 GW), Rio de Janeiro (0,9 GW), Paraná (0,9 GW), Goiás (0,4 GW), Pará (0,4 GW), Bahia (0,4 GW), Pernambuco (0,3 GW), Rio Grande do Sul (0,3 GW) e Santa Catarina (0,2 GW).








