Petrobras esperar contratar 3,7 GW de térmicas em leilão de potência

Geraldo Campos Jr. e Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA

A Petrobras conta com o LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade) de 2025 para contratar 3,7 GW (gigawatts) de térmicas de sua propriedade. Desse montante, 2,9 GW referem-se a nove termelétricas que já estão com a energia sem contratos ou serão descontratadas em breve. Os outros 0,8 GW são de duas novas plantas planejadas para o Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ). 

“A gente espera uma demanda razoável [no leilão] que justifique tanto a contratação das [usinas] já existentes quanto das duas plantas”, disse o diretor de Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (27).

O diretor destacou que as térmicas da Petrobras têm sido importantes para o atendimento da ponta. “No pico de demanda, a Petrobras tem sido uma agente muito confiável do sistema, o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] logo aciona a Petrobras. Para isso, a gente precisa, é claro, de receita para elas, porque senão fica difícil de seguir a permanência delas”, afirmou.

O certame está previsto para 27 de junho e, segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já conta com 327 projetos cadastrados, que somam mais de 70 GW. A expectativa do mercado é que o leilão contrate de 10 GW a 13 GW. A minuta do edital foi colocada em consulta pública pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Prejuízo
A diretoria da Petrobras falou à imprensa sobre os resultados relativos a 2024. Magda Chambriard, presidente da estatal, afirmou que a queda de 70,6% no lucro da companhia no exercício do ano passado, para R$ 36,6 bilhões, e o prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre foram causados por uma “questão que não é real”. “É uma miragem”, disse.

“É uma miragem fruto de dívidas e fluxos de dinheiro da Petrobras com as suas partes relacionadas no exterior, ou seja, dentro do Sistema Petrobras, impactadas pelo câmbio. Tivemos um resultado de -R$ 17 bilhões ao longo do ano, quando o nosso impacto cambial foi de -R$ 59 bilhões (-US$ 10,9 bilhões). Então a gente vê como isso afetou o lucro, mas é um prejuízo imaginário”, afirmou.

A executiva explicou que a variação do dólar tem efeito apenas contábil e não impacta o caixa da companhia, que superou os R$ 200 bilhões em 2024. Ela disse que o dólar fechou o ano em R$ 6,19, e que o recuo para a casa de R$ 5,80 neste início de ano já indica um lucro da ordem de R$ 11 bilhões no primeiro bimestre, também de efeito apenas contábil e sem acréscimo no caixa.

Além desse fator considerado principal, Magda citou a desvalorização do barril tipo brent em 11% no ano passado, sendo 7% apenas no último trimestre, e a queda de 39% do “crack spread” do diesel (indicador de margem da refinaria). Esses dois eventos geraram um impacto no caixa de US$ 6,5 bilhões.

Política de preços
A presidente da Petrobras negou que a política de preços dos combustíveis atual tenha provocado a queda do lucro. Segundo ela, no momento em que os preços do diesel se descolaram muito, houve o reajuste, no início deste ano, mas que tem “certeza de que o que estamos praticando gera valor para a companhia e para a sociedade”.

“Acho que não (tem relação). A gente observa o market share, a paridade internacional, custo de importação, custo de exportação, capacidade de absorção do produto no mercado, e tudo isso faz parte desse preço que a gente pratica. No ano passado seguimos nossa política pari passu, essa política deu resultado, os investidores estão satisfeitos, e no Conselho de Administração, que olha isso todo mês, ninguém reclamou”, disse.

O diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo, destacou que “a política de preços foi integralmente cumprida, com todas as suas métricas e indicadores. Não aumentou (o preço dos combustíveis), mas a política está sendo totalmente cumprida”.

Os diretores explicaram também que o valor de investimentos acima do previsto não se tratou de criação ou de aumento de capex, e sim de antecipação de recursos e projetos que só seriam aplicados em 2025 no campo de Búzios para acelerar sua produção. O campo é o ativo mais rentável da Petrobras atualmente.

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