Dimmi Amora, da Agência iNFRA
O Porto de Itaguaí (RJ) lançou plano para buscar investimentos para implantação de terminais de regaseificação de GNL (gás natural liquefeito) para aproveitar a passagem do projeto de transporte de gás da Bacia de Santos, a chamada Rota 4, e abrir o caminho para a implantação de indústrias na área de mais de 7 milhões de metros quadrados de expansão do porto.
O grande plano para o Porto de Itaguaí, de acordo com o Plano de Negócios 2021 lançado pela CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro), responsável pelo porto, é capacitar a unidade para ser uma espécie de hub do Novo Mercado de Gás.
A ideia é destinar uma área de 1,1 milhão de metros quadrados para o TGL (Terminal de Granéis Líquidos) do porto, que está em estudos pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística) do Ministério da Infraestrutura, com planejamento para entrar em operação em 2024.
Segundo o diretor de Relações com o Mercado e Planejamento da CDRJ, Jean Paulo Castro e Silva, uma grande companhia privada fez um acordo com a CDRJ para apresentar um plano para atrair terminais de exportação de gás e a implantação de uma UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural).
A ideia é, com essa unidade, potencializar a implantação de indústrias na região e no Porto Organizado. E também criar terminais para FRSU (Floating Storage Regasification Unit) que fariam a exportação de gás natural vindo da Bacia de Santos.
“Essa é a grande oportunidade para o Porto de Itaguaí cumprir a sua vocação de ser Porto Indústria. Ele está numa área estratégica para a rota de gás do pré-sal e estamos elaborando um plano para trabalhar nessa área”, afirmou Castro, lembrando que já está trabalhando com o governo para conectar o porto ao projeto da Rota 4 do pré-sal.
Além da exploração do gás, a intenção da CDRJ também é licitar uma área greenfield entre os dois grandes terminais de minério que operam na região, mas destinada a um outro tipo de carga, os fertilizantes.
A ideia, segundo Castro, é com o TGS II, com 224 mil metros quadrados, atrair também cargas de granéis agrícolas para o porto. Os dois projetos estão previstos para irem a mercado em 2023.
Décadas sem investimento
Os portos do Rio de Janeiro estão sem novos investimentos em terminais praticamente desde a década de 1990. Na semana passada, a CDRJ apresentou seu plano de expansão para licitar novas áreas, que será particularmente forte na área de líquidos.
O Plano de Negócios 2021 da CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro) prevê estudos para que o Porto do Rio de Janeiro ganhe uma área de expansão na Ilha da Pondeba, que seria ocupada para um terminal de líquidos. O plano está disponível neste link.
De acordo com o diretor, as primeiras ações do plano de desenvolvimento estão focadas em encontrar solução para problemas mais urgentes do porto, como a licitação de quatro áreas operacionais do Porto do Rio que estão com contratos sustentados por liminares.
Entre elas, está uma área de apoio offshore da Petrobras, onde a empresa tem a maior base para sua operação no estado. Além deles, há dois terminais de líquidos e um de movimentação de zinco. Todos estão em estudos pela EPL e devem ser licitados no início de 2022.
Um outro terminal de granéis sólidos em Itaguaí, que está sem operação desde 2012, também está na fila e deve ser feito no chamado modelo de arrendamento simplificado, ainda neste semestre.
Segundo Castro e Silva, entre a década de 1990, após a introdução da Lei dos Portos, quando o governo licitou oito áreas que eram operadas pelas autoridades portuárias, até hoje, apenas um novo terminal foi licitado no Rio de Janeiro, o Terminal de Trigo.
De acordo com os dados, 30% da área operacional do Porto do Rio de Janeiro estão ociosos, e, no de Itaguaí, o número passa dos 70%.
Por isso, de acordo com Castro e Silva, foi necessário fazer um plano para a expansão do porto, e a Ilha da Pondeba foi a área escolhida para o crescimento do porto no Rio de Janeiro. Com 92 mil metros quadrados de área e a 500 metros do cais, ela pode ser expandida.
Os estudos iniciais indicaram a construção de um terminal de granéis líquidos de cerca de 80 mil metros quadrados na área, com investimentos estimados em R$ 155 milhões. Segundo Castro, a ideia é avançar com os estudos e ir atrás de companhias que possam ter interesse em explorar a área.