36% dos empresários industriais do Sudeste consideram infraestrutura da região como ‘regular, ruim ou péssima’, aponta CNI

Sheyla Santos, da Agência iNFRA

Trinta e seis por cento dos empresários industriais do Sudeste consideram a infraestrutura da região como “regular, ruim ou péssima” contra a média nacional de 45%, aponta o “Panorama da Infraestrutura Região Sudeste” lançado nesta terça-feira (15) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que ouviu 500 empresários.

O levantamento sobre a região, que é responsável por 52% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do país, compreende as áreas de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O documento na íntegra pode ser lido aqui.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que estradas sem conservação, alto custo de energia e restrições no acesso aos principais portos como problemas que repercutem diretamente na competitividade da indústria e na atração de investimentos para o país. Na avaliação de Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da entidade, a infraestrutura da região ainda enfrenta o comprometimento da capacidade no Porto de Santos, alvo de preocupação do setor industrial.

Rodovias e mobilidade urbana
Segundo o levantamento, a percepção dos industriais do Sudeste sobre a infraestrutura rodoviária é um pouco melhor quando comparada ao restante do país. Enquanto no país 54% dos entrevistados a consideram “regular, ruim ou péssima”, na região Sudeste esse percentual é menor, de 40%.

No documento, a CNI e as federações estaduais das indústrias do Sudeste apontam soluções para os gargalos apresentados. Para superar as restrições na área de logística, eles sugerem que deve-se priorizar obras de manutenção, adequação e expansão de corredores logísticos estratégicos, como a FCA (Ferrovia Centro Atlântica), a BR-381, a BR-116, a BR-101, a BR-262 e a Terceira Via de Ligação entre a Baixada Santista e a capital Paulista. 

A melhora no cenário, segundo o documento, ainda pelas mesmas obras nas seguintes rodovias: BR-040; BR-135; BR-251; BR-259; BR-262; BR-264; BR-342; BR-356; BR-365; e BR-447.

Na área de mobilidade urbana, as propostas de melhorias passam pela construção, expansão e modernização das seguintes infraestruturas para transporte urbano de passageiros: Trem Intercidades de SP; Malha Metroviária Fluminense; e a ligação seca entre Santos e Guarujá.

O levantamento destaca que, em dezembro de 2023, o Sudeste tinha 51,8% do total de automóveis do país. No mesmo período, a frota total de veículos em operação na região era de 56 milhões, de acordo com dados da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). A maioria dessa frota é composta por automóveis (58,5%), seguida por motocicletas (18,1%), veículos de carga (5,4%) e outras modalidades de veículos (17,9%).

Ferrovias
A percepção negativa do setor produtivo do Sudeste sobre as ferrovias é semelhante à avaliação nacional. Cerca de 53% dos industriais da região consideram a infraestrutura ferroviária como “regular, ruim ou péssima”. No Brasil, essa percepção negativa equivale a 52%. 

Como propostas de melhorias, o documento destaca o avanço na construção, adequação, aprovação e renovação dos seguintes empreendimentos: FCA (Ferrovia Centro Atlântica); Estrada de Ferro Vitória-Rio; Malha Oeste e Sul; Ramal Sul da Estrada de Ferro Vitória a Minas; ferrovias JK – EF 030 e EF 352.

Portos
A avaliação negativa dos empresários do Sudeste sobre a infraestrutura portuária é semelhante ao patamar da avaliação nacional —  35% dos industriais do Sudeste afirmam que a infraestrutura portuária é “regular, ruim ou péssima”. No Brasil todo, esse percentual equivale a 34%. 

Outro ponto de atenção na região é a movimentação de contêineres. No ano passado, o porto de Santos movimentou 4,3 milhões de TEUs (37% do total nacional). De acordo com a CNI, o crescimento constante do fluxo de cargas portuárias tem gerado preocupações em relação à eficiência e à capacidade de atendimento da demanda nos próximos anos.

As propostas sugeridas para avanços passam, segundo a CNI, pela modernização das administrações portuárias públicas e de obras de adequação e expansão das seguintes infraestruturas: porto de Santos; porto do Rio de Janeiro; porto Imetame; porto de Itaguaí; porto do Forno; porto de Angra; porto de Barra do Riacho; porto Central; porto Petrocity; e pela licitação do Terminal STS-10. Na área de hidrovias, o documento destaca a necessidade de conclusão das obras de ampliação do Canal de Nova Avanhandava da hidrovia Tietê-Paraná.

Aeroportos
Para 25% dos empresários industriais do Sudeste a infraestrutura aeroportuária é “regular, ruim ou péssima”. No país, esse percentual atinge 31% dos entrevistados. De acordo com o levantamento, os aeroportos mais movimentados em relação a transporte de passageiros no Sudeste em 2023, considerando embarque e desembarque no mercado doméstico e internacional, são os terminais de Guarulhos (40, 5 milhões), Congonhas (21,8 milhões) e Viracopos (11, 9 milhões).

Na sequência, aparecem os aeroportos Santos Dumont (11,2 milhões), Confins (10,1 milhões), Galeão (7,7 milhões), Vitória (3 milhões), Uberlândia (1 milhão), São José do Rio Preto (713 mil e Ribeirão Preto (607 mil).

Energia
A percepção sobre a infraestrutura de energia é idêntica entre empresários industriais do Sudeste e o setor produtivo no restante do país: 34% a avaliam como “regular, ruim ou péssima”. O panorama ainda destaca que o potencial da região Sudeste para o petróleo, com produção de 193 milhões de m³ em 2023, sendo responsável por 98% do total da produção nacional no período.

Como sugestões de melhorias nas áreas de Energia Elétrica, Petróleo e Gás Natural, a CNI sugere expandir as redes do gasoduto em MG e ES; destravar projetos hídricos de Minas Gerais, que estão em tramitação na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ou em fase de licenciamento ambiental; melhorar a capacidade da rede de distribuição de energia nos estados, reduzindo quedas de tensão e desligamentos; e fomentar a produção de biometano por meio do aproveitamento do setor sucroenergético paulista e dos resíduos sólidos urbanos.

As soluções, segundo a entidade, ainda passam pela retomada da construção da usina de Angra 3, desenvolvimento do mercado de hidrogênio de baixo carbono na região, e incentivo ao projeto de Captura e Armazenamento de Carbono no norte do estado do Rio de Janeiro.

Sobre gás, as melhorias incluem a construção da Rota 4 de gás natural, com abertura para o escoamento do gás natural produzido nas reservas do pré-sal da Bacia de Santos, e o apoio à implementação da Rota 4b para escoamento do gás produzido e o aumento da oferta na bacia de Campos.

Telecomunicações
A percepção negativa sobre telecomunicações no Sudeste é semelhante à nacional: 35% dos empresários industriais afirmam que essa infraestrutura é “regular, ruim ou péssima”. No Brasil, esse percentual é de 38%.

Saneamento básico
Sobre saneamento, a avaliação de 45% dos industriais do Sudeste é de que essa infraestrutura é “regular, ruim ou péssima”. Considerando todo o país, esse percentual sobe para 50%. 

Mesmo com a má percepção entre os empresários do Sudeste, a região tem o maior índice de atendimento do país, com 80,9% da população atendida com esgotamento sanitário, considerando dados de 2023. São Paulo lidera o atendimento total de esgoto na região Sudeste, com índice de cobertura de 91%, seguido por Minas Gerais (76%), Rio de Janeiro (65%) e Espírito Santo (60%).

Obras paradas e PAC
O documento relembra que de 4.325 contratos analisados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) foram identificadas 2.338 obras paralisadas (54%) no Sudeste, a maioria delas nas áreas de saneamento básico e transportes. 

O levantamento ainda aponta os investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão em todos os estados, sendo R$ 759,7 bilhões destinados àobras, serviços e empreendimentos no Sudeste.

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