Resiliência e portfólio de longo prazo serão colocados na vitrine dos roadshows do Minfra

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Na volta dos roadshows internacionais presenciais, os representantes do Ministério da Infraestrutura vão apresentar a interessados em investir no país a carteira de projetos prevista para ser lançada nos próximos dois anos, reforçando o discurso de que o país tem um portfólio contínuo de projetos de parceria; e o que foi feito nos dois anos de pandemia, destacando a resiliência a choques de curto prazo.

O programa começou neste sábado (2), com encontros liderados pelo ministro Tarcísio de Freitas com pelo menos 30 representantes de grandes fundos de investimentos e bancos de várias partes do mundo. Entre outubro e novembro, haverá ainda uma rodada na Europa, voltada a encontro com empresas do setor de infraestrutura e construção; e nos Emirados Árabes, voltada a troca com grandes fundos soberanos da região.

A programação em Nova Iorque vai contar com ao menos quatro meetings liderados pela XP Investimentos, pelo Council Of Americas, pelo Morgan Stanley e pelo JP Morgan, que reúnem as empresas. Há também encontros um a um com interessados, como o Pátria Investments e o GIC, por exemplo.

A apresentação que será mostrada aos participantes conta com projetos que já estão em estruturação pelo BNDES, como os cerca de 1,6 mil quilômetros em estudos pelo BNDES. Outras já estão até incluídas no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), como as concessões rodoviárias de Santa Catarina e as PPPs (parcerias público-privadas) de aeroportos na Amazônia.

Companhias docas
Mas há novidades com a inclusão de todas as autoridades portuárias federais no programa de concessões. Até o momento, apenas não havia previsão de que as companhias que administram portos no Rio de Janeiro, Pará e Ceará, por exemplo, fossem desestatizadas.

Em entrevista à Agência iNFRA, a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa, afirmou que ter um portfólio contínuo é elemento fundamental para que empresas internacionais participem das concorrências por ativos de infraestrutura no país.

Os leilões realizados desde 2019 não tiveram empresas estrangeiras que já não tivessem participação em ativos no país como vencedoras. Mas, segundo Marcassa, houve participação nos leilões de algumas delas, citando o Aeroporto de Houston (EUA), e outras estão trabalhando em projetos no país como contratadas, citando a espanhola Ferrovial, que tem um braço em concessionárias.

“Eles estão conversando conosco há um ano, interessados nas modelagens. Eles estão aqui já trabalhando na parte de construção e uma hora chegarão para os projetos de concessão”, disse a secretária.

Projetos resilientes
A manutenção dos leilões durante o período da pandemia será apresentado nesses eventos como um ativo do país. A apresentação indica que foram 74 ativos leiloados e 99 terminais privados autorizados. Os investimentos esperados são da ordem dos R$ 74 bilhões.

Segundo Marcassa, ter tido disputas nesse período dá sinal de que os projetos do país são resilientes, seja pelo mercado interno do Brasil, seja pelo tipo de mercadoria exportada.

“Desconheço um país que tenha feito 74 desestatizações de ativos nesse período. Ninguém que investe em infraestrutura vai deixar de olhar para o nosso portfólio”, afirmou.

Marcassa afirmou que os investidores desse setor também são mais voltados a separar ruídos de curto prazo e se voltam mais a questionamentos sobre riscos de longo prazo, especialmente nas áreas de câmbio, meio ambiente e social. Segundo ela, os leilões já realizados apresentaram soluções de compartilhamento para esses riscos, o que será explicado aos interessados durante os encontros. 

“Eles diferenciam muito o que é barulho de curto prazo”, disse a secretária.

Exemplo concreto
No caso das rodovias, os servidores vão levar o exemplo da primeira concessão com as novas modelagens para riscos cambiais e de financiamento, por exemplo, que é a concessão da BR-153/TO-GO, que teve contrato assinado na sexta-feira (1º).

Sobre os encontros em Nova Iorque nos próximos dias, Marcassa afirmou que o público tem investidores com participações relevantes em empresas com ações na bolsa, como CCR, Rumo e EcoRodovias; e também outros que têm veículos para investimentos próprios em infraestrutura, citando o Macquarie e o GIP (Global Infrastructure Partners). 

Segundo a secretária, o Macquarie, da Austrália, já montou um escritório no país para analisar projetos e tem demonstrado interesse nas desestatizações portuárias e nas rodovias do Paraná, por exemplo. O GIP também tem voltado suas atenções para o porto de Santos.

“Estamos apresentando que os grandes ativos de nossa carteira serão desestatizados em breve. Nenhum país do mundo está melhor posicionado do que nós, com essa escala considerável de projetos para fazer”, explicou a secretária.

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