01/09/2025 | 09h00  •  Atualização: 02/09/2025 | 10h18

Agentes veem aumento de demanda para contratação no LRCAP após atrasos

Foto: Cope/Divulgação

Geraldo Campos Jr., Lais Carregosa e Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA

A expectativa do setor para a contratação de potência no LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência) aumentou de uma demanda máxima de 15 GW (gigawatts) para até 25 GW, segundo especialistas e agentes do setor consultados pela Agência iNFRA. Dentre os motivos, está o atraso na realização do certame e a maior sinalização de necessidade de potência no sistema.

Um estudo realizado pela Thymos Consultoria dá conta de que a necessidade de potência a ser contratada no leilão deve alcançar até 25 GW visando a garantir a confiabilidade do sistema elétrico nacional entre 2026 e 2030. O CEO da consultoria, João Carlos Mello, aponta que as estimativas anteriores ficavam entre 10 GW e 15 GW, mas que o atraso no certame elevou a demanda. O leilão estava previsto inicialmente para 2024, foi adiado para 2025 e, agora, está agendado para março de 2026.

Mello ressalta, contudo, que a “demanda real” é uma decisão do governo. “O governo é quem sabe qual o risco que ele quer correr. Porque isso é importante. Isso não é um leilão de compra das distribuidoras. É um leilão que o governo faz para manter a confiabilidade do sistema. Então, está na mão do governo, do ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], da EPE [Empresa de Pesquisa Energética]”, afirmou à Agência iNFRA.

O presidente da Abraget (Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas), Xisto Vieira, disse que a associação tem trabalhado com uma perspectiva para o LRCAP de 23 GW, com base no estudo da Thymos, e que este seria o necessário para assegurar a confiabilidade do sistema até 2030. “Antes tínhamos a previsão de 16 GW considerando as térmicas descontratadas, mas isso era até 2028. Com o atraso do leilão, isso muda.”

Já o sócio-fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, acredita que a “cereja do bolo” do LRCAP é a demanda de contratação, que será conhecida após a consulta pública.  Além disso, a repartição da demanda entre as fontes também gera expectativa, diz Pires.

“Vamos ver se o governo vem com um número que seja aderente ao que o mercado precisa. Na minha opinião, tem que ser um leilão que contrate mais de 10 GW, entre 10 GW e 13 GW”, disse Adriano Pires. Para o economista, a fonte que melhor endereça o problema de potência é o gás natural.

Produtos
Na avaliação do diretor de Energia da Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia), Paulo Sehn, a ampliação dos produtos no novo modelo de LRCAP apontam para um aumento na expectativa do governo de atendimento de potência. Foram incluídas usinas termelétricas a carvão e a óleo combustível para atendimento no curto prazo.

“Antes, a gente estava muito concentrado na questão de gás natural e de hidrelétrica. Agora eu acho que o ministério vê um pouco mais além, uma necessidade de contratar talvez uma demanda maior do que era na visão do ano passado”, declarou.

Sehn chama atenção para estudos recentes do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que “trouxeram um sentimento de precisar de mais potência do que a gente imaginava”, que anteciparam projeções para o curto prazo.

“[O ONS] já trazia uma questão de necessidade de 5 GW para 2026, no ano que vem. Esse número antes era projetado para 2027 e 2028. Agora, obviamente são cenários um pouco mais críticos, mas o ONS já traz isso para 2026 nos seus estudos”, afirmou o diretor da Abiape.

Insuficiência de potência
Segundo o ONS, no horizonte até 2029 o risco de insuficiência da oferta de potência crescerá a cada ano, violando os critérios de garantia de suprimento, conforme dados do PEN (Plano da Operação Energética) 2025.

Na comparação com o PEN de 2024, o estudo deste ano mostra um aumento no déficit de potência para todos os anos do próximo ciclo. Em 2029, por exemplo, o risco de insuficiência de potência no sistema atinge os 90% caso novas contratações não sejam feitas, segundo o plano.

O ONS recomendou “a realização de leilões anuais de reserva de capacidade na forma de potência, uma vez que os estudos do PEN 2024 já indicaram violação dos critérios de garantia de suprimento de potência em 2025, e os resultados do PEN 2025 mostram aprofundamento das violações com o decorrer dos anos avaliados”, diz no estudo. 

O operador também chama atenção especial para o fato de que novas cargas, como de data centers e de hidrogênio verde, devem agravar o déficit de potência do sistema no período de ponta – quando a demanda por energia aumenta e a geração das fontes solar e eólica cai.

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