Marisa Wanzeller e Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA
O governo federal encaminhou à Eletrobras nesta quinta-feira (27) as indicações para compor as cadeiras da União nos conselhos da companhia. Para o CA (Conselho de Administração), os indicados foram os ex-ministros de Minas e Energia Silas Rondeau, Maurício Tolmasquim e Nelson Hubner.
Para o Conselho Fiscal, foi indicado o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a vaga de titular. Como suplente, foi encaminhado o nome do atual secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena.
Os nomes agora precisam passar pela AGO (Assembleia Geral Ordinária) dos acionistas da Eletrobras, marcada para 29 de abril, que também deve aprovar o acordo que dará à União três dos 10 assentos no CA. A convocação para a AGO, que seria feita nesta quinta-feira, foi adiada para hoje (28).
Os nomes foram encaminhados um dia depois de ter sido concluído o acordo entre o governo e a Eletrobras, com a assinatura do termo de conciliação na quarta-feira (26). A solução consensual ainda precisa ser homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Próximos a Lula
Segundo fontes, os nomes partiram da Casa Civil e são consideradas pessoas próximas e de confiança do presidente Lula. Rondeau e Hubner foram ministros de Minas e Energia no segundo mandato do petista, assim como Tolmasquim, que chegou a ocupar a chefia da pasta interinamente.
Atualmente, Silas Rondeau é presidente da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), tendo sido indicado em 2024, e Tolmasquim é diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras desde 2023.
Fontes a par das articulações do governo com a Eletrobras disseram que Nelson Hubner, que também é ex-diretor-geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), posicionava-se contra o acordo que deu maior participação à União nos conselhos da companhia. A informação é que ele defendia a reestatização da empresa pelo governo Lula.
Conflito de interesse
A indicação do atual diretor de Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, foi apontada por agentes do setor como um possível caso de conflito de interesses. As empresas são concorrentes em algumas áreas de atuação, como por exemplo com empreendimentos voltados para transição energética. Ambas possuem projetos de usinas eólicas e solares.
Em comunicado ao mercado, divulgado na noite desta quinta-feira, a Petrobras afirmou ter sido informada por Tolmasquim de sua indicação para o cargo no CA da Eletrobras. De acordo com a estatal, “caso a referida eleição venha a se confirmar na Assembleia, a companhia examinará os próximos passos”.
Já Guido Mantega pode enfrentar outro tipo de dificuldade, com a resistência dos próprios acionistas da Eletrobras, empresa que atualmente tem seus papéis negociados em bolsa. O nome desagrada agentes do mercado financeiro e enfrenta resistência em qualquer indicação em que o governo tenta lançá-lo.
O governo do presidente Lula tenta emplacar o ex-ministro da Fazenda em vagas em empresas há algum tempo. No início do último ano, o governo pressionou para colocar Mantega na Vale. A indicação só não foi concretizada após forte resistência na empresa. Posteriormente, o governo cogitou colocar Mantega no Conselho de Administração da Braskem, nas vagas pertencentes à Petrobras, mas a indicação também não foi confirmada.