Sheyla Santos, da Agência iNFRA
A APS (Autoridade Portuária de Santos) anunciou nesta quinta-feira (1º) que o aprofundamento para 16 metros do canal aquaviário do porto vai ser iniciado no segundo semestre deste ano, por meio de um processo de derrocagem de rochas seguido por dragagem. A conclusão do processo está prevista para 2025. Segundo o presidente da entidade, Anderson Pomini, trata-se da obra mais importante do porto juntamente com o Túnel Santos-Guarujá. Leia aqui a apresentação da APS.
“O Porto de Santos não pode contar com a maré para receber navios”, disse em entrevista à imprensa.
Oficialmente, a profundidade do canal do mais importante porto do pais pode chegar a 15 metros, o que permitiria calados de até 14,5 metros para os navios. No entanto, isso só pode ser alcançado em condições altamente favoráveis, o que reduz em muito a possibilidade dos navios operarem nessa capacidade.
Como os navios de grande porte precisam de calados maiores de 15 metros para operarem de forma plena, quando usam Santos eles trafegam “aliviados” (menos carga que o possível) para não encalharem, o que aumenta os custos da operação e tem sido motivo de reclamações do setor. Segundo Pomini, o início do aprofundamento do canal será iniciado com a derrocagem de pouco mais de 30 pedras.
“Faremos um segundo contrato para aprofundamento do canal, depois das pedras derrocadas, para 16 [metros],” falou acrescentando que há em paralelo um estudo avançado da Secretaria Nacional de Portos e do BNDES para concessão de serviços vinculados ao canal, incluindo a dragagem. A empresa vencedora da concessão fará um segundo aprofundamento do canal para 17 metros e irá operar a manutenção por 30 ou 35 anos.
Outra obra mais avançada no Porto de Santos, com previsão de conclusão neste mês, dependendo somente de uma batimetria (mensuração de profundidade), é a dragagem de aprofundamento dos berços entre os armazéns 12A e 20/21. O presidente da APS ainda listou outras obras que estão no pipeline do porto relativas a asfaltamento, drenagem, adequação de faixas de rolamento e revitalização. Segundo ele, todos esses processos estão em fase licitatória.
Margens do porto
A prioridade, explica Pomini, é para obras na margem direita do porto de forma que a APS consiga atenuar o gargalo existente no conflito estabelecido entre veículos dos moradores e turistas e os veículos usados para operações portuárias de cargas.
Sobre a margem esquerda, no Guarujá, ele admite que o porto não tem investido adequadamente, mas diz que esse cenário deverá mudar com o início da revisão da segunda fase de obras na Avenida Perimetral prevista para este mês. A expectativa é de que essa obra, com custo de R$ 544 milhões, melhore o acesso ao porto, eliminando passagens em nível e segregando os tráfegos urbano e portuário.
Em relação à “zeladoria integrada à cidade”, Pomini disse que o porto “ainda está muito aquém do pretendido”, mas que tem retomado investimentos em conservação de vias e áreas operacionais, iluminação pública, sinalização semafórica e manutenção de asfalto.
“Estamos correndo atrás de todos os problemas causados pela infraestrutura atual. Não é tão simples essa intervenção de engenharia, porque ao mesmo tempo em que a gente precisa realizar, executar a intervenção, os caminhões precisam trafegar”, disse, acrescentando que há uma preocupação em não impactar as operações do porto nas duas margens.
Conexão com rodovia
A área da Alemoa também irá receber dois viadutos nos próximos anos. Pomini explica que o Porto de Santos tem um crédito perto de R$ 1 bilhão junto à FIPS (Ferrovia Interna do Porto de Santos), o que faz com que na prática todas as vezes que a FIPS realizar uma obra ofereça uma contrapartida à APS. Nesse caso, será usado um crédito de até R$ 250 milhões para priorizar a obra desses viadutos.
“Nós firmanos uma parceria com o governo do estado, que repassará a construção dos viadutos para a EcoRodovias. Isto porque o viaduto 2 tem conexão direta com a pista que hoje é gerida pela EcoRodovias. A EcoRodovias já concordou, ela tem muito mais velocidade e tem esses dados de engenharia”, explicou, acrescentando que os documentos estão na mesa do governo do estado e que o porto aguarda pela aprovação e cronograma, que deu prazo de três a quatro anos para a implantação.
Movimentação de contêineres
Sobre o terminal de contêineres STS10, Pomini afirmou que o Porto de Santos atende até 2035 a demanda de movimentação de contêineres, o que não significa dizer que o porto não tenha de adotar medidas para ampliar a capacidade de movimentação no futuro.
“Nós faremos. Mas faremos em conjunto com obras que assegurem o acesso, porque se nós tivéssemos um STS10 funcionando hoje, ali no Saboó, conforme foi previsto pelo PDZ de 2021, a cidade estaria totalmente parada naquela região. Hoje ela está parcialmente parada”, disse, acrescentando que o STS10 ainda está em análise pelo porto e pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
Ele assegurou que o STS10 não será mais feito no formato original, visto que a decisão de transferência para Concais está consumada e que o plano de investimentos será enviado à ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) nos próximos dias. Segundo ele, a dúvida da APS é se irá adensar parte da área para o terminal da BTP, que se mostrou interessada, ou se mantém contrato com o terminal Ecoporto.