Porto concedido no Espírito Santo cresce acima da média nacional dois anos após início de gestão privada

Dimmi Amora*, da Agência iNFRA

A Vports, concessionária dos portos públicos do Espírito Santo, completou dois anos de operação nesta semana anunciando um crescimento de 30% no volume de cargas movimentadas no primeiro semestre do ano.

Foram quatro milhões de toneladas movimentadas no primeiro semestre, recorde para o período. Segundo o diretor-presidente da companhia, Gustavo Serrão, esse crescimento é seis vezes maior que a média do crescimento dos portos nacionais no período. A estimativa do porto é crescer mais 80% em cinco anos.

Durante evento com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a empresa informou que no período da concessão foram investidos R$ 180 milhões, o que corresponde a 10 anos de investimentos do período de gestão pública, encerrada em 2022 com a concessão do porto e a venda da antiga estatal, a Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo). Foi a única concessão de portos públicos no país até o momento.

No evento, a concessionária anunciou que fechou o 10º contrato de arrendamento novo e ainda há áreas disponíveis para crescer. A Vports ainda trabalha em projetos para a ocupação do porto de Barra do Riacho, que ainda tem que ser desenvolvido. 

Um dos investimentos apresentados foi a recuperação do ramal ferroviário interno do porto e a ligação dele com a EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas), o que vai permitir que a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) volte a operar cargas ferroviárias no cais de Capuaba, o principal do porto de Vitória.

Segundo Serrão, a expectativa é retomar imediatamente o atendimento de cargas destinadas ao agronegócio no porto, especialmente granéis vegetais e fertilizantes. Esse investimento, no entanto, não é o que foi anunciado pela empresa e pela FCA em 2022.

Para esse, de maior porte, segundo o diretor da companhia, é necessária a renovação do contrato da VLI para operar a FCA, o que garantirá à empresa investimentos para aumento da capacidade de transportes e assim ampliar o volume para o porto capixaba. A expectativa da Vports é passar dos 9 milhões de toneladas ao ano para 16 milhões com o funcionamento pleno da ferrovia.

Governador defende variante da Serra do Tigre
A renovação antecipada da FCA prevê investimentos estimados na casa dos R$ 10 bilhões no corredor da ferrovia que atende o Espírito Santo, segundo o governador do estado, Renato Casagrande, incluindo a linha que liga Sete Lagoas a Pirapora (MG). O processo de renovação está em consulta pública no momento.

Segundo o governador, o governo estadual vai seguir insistindo para que seja feita a variante da Serra do Tigre, que ficou fora da renovação. Esse investimento, estimado pela empresa em R$ 10 bilhões, é defendido pelo governo local como importante para melhorar a capacidade de escoamento do agronegócio para os portos do estado.

“Vamos fazer esse debate nas audiências públicas”, disse Casagrande, que pediu ao ministro a ampliação do espaço para contêineres no porto.

Mais espaço para contêineres
Apesar do crescimento nos últimos dois anos, a Vports tem recebido reclamações de falta de atendimento para setores tradicionais de comércio exterior do estado, como o de café e o de rochas ornamentais.

“É um passo importante para articularmos dentro do ministério que já está nos apoiando. Isso é fundamental para ampliar a capacidade de exportação desses produtos”, disse o governador.

Além da ferrovia, também foram anunciados investimentos para a dragagem dos canais dos portos em Vitória e em Barra do Riacho. Também foi anunciada a contratação de empresa para fazer projeto executivo para a construção de um elevado de 2,6 quilômetros para um novo acesso aos terminais de Capuaba, hoje o maior gargalo do porto.  
  
Defesa da concessão do porto
O vice-governador do estado e secretário de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço, elogiou a gestão privada da unidade e disse que o porto ter sido concessionado “fez a diferença”.

“Não é fácil você administrar uma empresa pública com as amarras das leis. Você não tem velocidade, não tem eficiência, não tem competitividade. A Vports vai mostrando como é possível a gente ampliar ainda mais a nossa capacidade de movimentação”, disse o vice-governador.

Perguntado durante a entrevista coletiva sobre a possibilidade de novas concessões de portos, o ministro Costa Filho disse que a política do governo é manter as autoridades portuárias públicas existentes e que elas também estão crescendo, 18% neste ano.

“Acho que a gente tem que equilibrar entre o público e o privado. A experiência da VPorts, sem dúvida alguma, serve para ser analisada por todos que fazem o setor portuário. Até porque temos autoridades públicas, mas todo o parque de operações é privado”, disse o ministro.

Operação de contêineres em Santos
Costa Filho também destacou a compra da Santos Brasil pela CMA CGM anunciada no fim de semana. Segundo ele, os investimentos no Brasil nessa operação são estimados em R$ 13 bilhões e vão ampliar a competitividade no porto de Santos (onde a Santos Brasil opera o maior terminal de contêineres).

Perguntado se essa compra ajudaria a melhorar os problemas de falta de atendimento no mercado de contêineres no Brasil, o ministro lembrou que o país vem crescendo a 3% ao ano e isso vai exigir mais investimentos nos portos públicos e privados do país.

Investimentos na Bahia
Na parte da manhã, o ministro Silvio Costa Filho esteve na Bahia, onde anunciou R$ 6 bilhões em investimentos para obras nos portos de Ilhéus, Salvador e Aratu, aeroporto de Barreiras e projetos para a construção e expansão de duas hidrovias no estado. 

Os recursos são provenientes do Novo PAC e do FMM (Fundo da Marinha Mercante). Os investimentos portuários incluem, segundo o ministro, operações de contêineres e de minérios.

Acompanhado do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, Costa Filho afirmou que o governo tem trabalhado para acelerar obras portuárias, buscando atrair, sobretudo, parceiros privados.

Ilhéus, Salvador e Aratu
Segundo a pasta, o FMM será utilizado para financiar a construção do TUP (Terminal de Uso Privado) Bamin, no porto Sul, em Ilhéus. O TUP faz parte do Projeto Integrado Pedra de Ferro, que conta com a Mina Pedra de Ferro, em Caetité, e com a Fiol I (Ferrovia de Integração Oeste-Leste I), cujas obras previstas na concessão estão atrasadas.

O terminal vai receber do FMM um investimento de R$ 4,59 bilhões. Ainda de acordo com a pasta, a terceira fase do projeto de expansão do terminal Tecon Salvador vai receber investimentos de R$ 942,43 milhões do FMM. Os recursos serão direcionados à construção de nova retroárea do terminal.

No evento, também foi assinado um protocolo de intenções do Rio São Francisco. Para ampliar os investimentos em hidrovias, o ministro disse ter encomendado estudos à Infra S.A. para viabilizar a primeira hidrovia do Nordeste brasileiro.

*O jornalista viajou a convite da Vports.

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