Primeiro sistema de pesagem automática de caminhões deve ser homologado em fevereiro, diz ANTT

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

O primeiro sistema de pesagem automática de veículos de cargas em movimento em rodovias do país deverá ter sua primeira balança homologada até fevereiro, para dar início à fiscalização oficial por esse novo modelo.

Os testes que estão sendo realizados dentro do sandbox regulatório já avançaram ao ponto de permitir que os órgãos de metrologia homologuem o sistema nas próximas semanas, de acordo com o diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Guilherme Sampaio, responsável pelo processo. 

Só após a homologação é que será permitida a emissão de multas por excesso de peso, o que deverá passar por amplo processo de comunicação, segundo Sampaio.

O sandbox permitiu a instalação dos dois primeiros pórticos de pesagem em Uberlândia (MG), na concessão da EcoRodovias na BR-364/365/GO/MG, no lugar onde seriam feitas as balanças em modelo tradicional, com postos de pesagem, onde os caminhões têm que passar em velocidade reduzida.

No novo modelo, que oficialmente tem o nome de HS-Wim (High Speed Weight-in-Motion), o caminhão é pesado em apenas um segundo, passando em qualquer velocidade, inclusive com averiguação do peso por eixo.

“O HS-Wim vai direcionar todo o sistema de logística nacional”, aposta Sampaio, que apelidou o sistema de Big Brother das Rodovias.

Já existem hoje sistemas eletrônicos de pesagem no país, mas eles só funcionam em balanças, para onde os caminhões são direcionados e têm que passar a baixíssimas velocidades. 

A diferença para o HS-Wim é que ele ficará num pórtico na rodovia. E não há como o veículo não ser medido. Ou seja, 100% dos caminhões serão pesados. Nos sistemas de balança, o índice de veículos pesados é bem baixo.

Além do peso, que é a informação necessária para aplicar sanções, o HS-Wim também é capaz de medir dimensões, número de eixos, tipo de carga e outros itens, o que vai aumentar o volume de informações geradas. Segundo Guilherme, esses dados passarão a ser cruzados com outros sistemas do governo, como o DT-e, para dar maior efetividade à fiscalização.

Ganho de tempo
Bruno Araújo Silva, gerente da EcoRodovias responsável pelo projeto, conta que o sistema começou a registrar os veículos em agosto do ano passado. A partir de então, passaram mais de um milhão de veículos, sendo 300 mil de cargas.

Ele conta que, em média, o tempo de um veículo que passa nas balanças é de quatro minutos. Mas pode ir a 40 minutos, se for necessário fazer novas pesagens, ou arrumar a carga entre os eixos, por exemplo.

A pesagem em um segundo do HS-Wim traz a vantagem não somente do ganho de tempo como também na redução do gasto de combustível, já que o veículo nem sequer precisa reduzir para ser pesado, e na redução das emissões. 

Evitar comboios
Luiz Veloso, diretor de Relações Institucionais da companhia, vê também vantagem para a segurança de todos os usuários. Ele lembra que em estradas com grande movimento de caminhões formam-se comboios que saem dos postos de pesagem e criam longas filas, resultando em ultrapassagens perigosas.

Pelo modelo que foi bolado dentro do sandbox do HS-Wim na ANTT, os veículos que passarem com peso acima da tolerância permitida legalmente serão multados automaticamente e não haverá parada para retirar carga ou adaptar o peso aos eixos, como se faz hoje.

Segundo o diretor da ANTT, a ideia é avaliar instrumentos durante o período de 24 meses de testes para evitar que os caminhões que estiverem com quantidades muito acima do permitido sigam circulando, inclusive com acionamento dos órgãos policiais.

Punição concorrencial
Por enquanto, a medição automatizada deverá dar vantagem para esse tipo de fiscalização. Dos mais de 300 mil veículos medidos, apenas seis estavam com o que eles classificaram como “grande excesso”. Um caminhão de 74 toneladas passou com 16 toneladas acima do permitido.

“Em casos assim, vamos poder usar a inteligência e acionar a PRF [Polícia Rodoviária Federal] imediatamente para parar o caminhão”, disse Sampaio.

Outra ideia do diretor é, com a consolidação dos resultados das pesagens, iniciar um processo para que as punições aos embarcadores ou transportadoras que usem de forma contumaz o excesso de peso possam ser pelas regras concorrenciais do país, e não apenas com a multa de trânsito (de R$ 191,00).

Metade do custo de implantação
A instalação do HS-Win foi feita em substituição às quatro balanças que seriam construídas nessa concessão. A estimativa da empresa é que cada uma das balanças tradicionais custaria R$ 20 milhões. O custo do HS-Wim, de acordo com Bruno, ainda não chegou a R$ 10 milhões. Após o fim dos testes, essa diferença de custo poderá ser revertida em benefícios aos usuários da via.

Ele lembra ainda que a maior vantagem está na operação do sistema que fica a custo praticamente zero, enquanto um sistema com ponto de pesagem tradicional pode resultar num custo anual de mais de R$ 1 milhão com manutenção e pessoal.

Todos os dados dos testes estão sendo disponibilizados neste portal da ANTT. A ideia é dar informações para que o sistema possa ser replicado tanto por outras concessões federais e estaduais como também por órgãos públicos que administram estradas.

Início no DNIT
Guilherme Sampaio lembrou que o projeto do HS-Wim começou com um estudo do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para criar um sistema de balanças no país, que acabou não avançando. Depois, em visitas internacionais da agência à República Tcheca, onde o sistema já funciona, a ideia começou a se concretizar.

Segundo ele, com as facilidades do sistema, especialmente em relação a redução de custos operacionais, haverá mais incentivo para a implantação de balanças em todo o país.

“Assim poderá ser possível direcionar políticas públicas e o planejamento de logística do país. Teremos um insumo riquíssimo’, defendeu Sampaio.

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