Setor privado de saneamento quer barrar propostas legislativas de interferência nas tarifas

da Agência iNFRA

Três projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que interferem nos modelos de cobrança de tarifa de saneamento básico têm avaliação desfavorável à sua tramitação por parte das empresas privadas de saneamento básico e foram elencados como de alto impacto para os investimentos do setor. 

Essas três propostas e outras dez fazem parte da Agenda Legislativa do Saneamento Básico 2025, lançada nesta terça-feira (18) pela Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), em Brasília.

De acordo com a diretora-executiva da associação, Christianne Dias, mais de 200 projetos de relevância para o setor são monitorados, mas o foco da agenda são os 13 que têm maior relevância e que estão com maior possibilidade de tramitação ao longo deste ano. 

Cada proposta recebeu uma nota técnica da associação explicando o motivo do posicionamento, contrário ou favorável ao trâmite. Segundo Christianne, a análise é baseada no critério sobre a segurança jurídica que o projeto traz para a ampliação dos investimentos no setor, ou o contrário, a redução.

“Continuamos com o desafio de mostrar a importância e a necessidade de ter projetos que incentivem a segurança jurídica para a vinda de mais investimentos para o setor”, explicou a diretora-executiva.

Segundo os dados da associação, o setor segue aquecido com pelo menos 26 projetos de concessão ou PPP (Parceria Público-Privada) em tramitação neste ano, que abarcam 849 municípios, 26 milhões de pessoas, e estimam investimentos na casa dos R$  70 bilhões para a universalização do saneamento.

Parte dos projetos avaliados na agenda legislativa pode incentivar, na avaliação de Christinne, a chegada de mais investimentos. Ela cita entre eles a PEC 49 do Senado, que tenta inserir na Reforma Tributária o saneamento básico na alíquota diferenciada dos novos impostos, equiparando o setor ao de saúde.

A diretora-executiva lembrou que os efeitos de não colocar o saneamento nessa alíquota vão ser sentidos com o início da reforma e alerta que eles podem reduzir os investimentos na medida em que os contratos terão que ser reequilibrados e uma provável demora nessas ações poderá reduzir os aportes para obras.

Já no caso dos projetos que mexem na estrutura tarifária, a preocupação é que eles possam ameaçar os modelos de concessão. Parte dessas propostas está em discussão nas normas de referência que a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) está produzindo para regular a estrutura tarifária.

Os projetos listados na agenda legislativa com indicação desfavorável são o PL 1.905/2019 do Senado, que veda cobrança mínima de tarifa de serviço público; o PL 2.100/2023 do Senado, que veda cobrança de esgotamento sanitário não disponibilizado aos usuários; e o PL 515/2024 da Câmara, que limita a tarifa de esgoto a 40% da tarifa de água.

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