“A renovação das concessões está sendo chave”, diz CEO da Wabtec

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Danilo Miyasato diz que há ambiente muito positivo também em torno das autorizações e vê no horizonte demanda de 100 locomotivas ES44 nos próximos cinco a 10 anos.

Agência iNFRA: Qual a inovação dessa locomotiva ES44ACi?
Danilo Miyasato: A Evolution é a locomotiva mais moderna em tecnologia diesel-elétrica, muito focada em sustentabilidade. Ela faz parte da nossa jornada de descarbonização. Hoje, as tecnologias mais comuns são de motores de 16 cilindros. A ES44ACi é de 12 cilindros, gerando com dimensões menores a mesma potência (daquela de 16 cilindros). Essa tecnologia traz eficiência energética pela introdução de sistemas de ar dentro da área de combustão e permite que aumentemos os intervalos de manutenção, deixando a locomotiva mais tempo disponível para puxar carga. É um desenvolvimento feito nos EUA, sob as regras de emissões americanas, onde o motor de 12 cilindros é bastante difundido já. Isso vem de uma pauta de eficiência energética e do advento de uma tecnologia muito mais robusta, que está preparada para os próximos upgrades nessa jornada de descarbonização.

Como essa nova tecnologia vem melhorando a eficiência das ferrovias brasileiras?
Essa tecnologia permite maior potência para o traçado e o tamanho de trem que temos aqui. Com as tecnologias que embarcamos na máquina, os trens podem ser maiores, por exemplo com tração distribuída, tendo uma locomotiva no meio dos trens. É possível também reduzir o desgaste de rodas e de frenagem com a tecnologia LOCOTROL, que permite que uma locomotiva se comunique com outras. Temos também o Trip Optimizer, que é o sistema de apoio à condução que permite que esses trens cada vez maiores sejam pilotados de forma automática, visando a melhor condução com eficiência energética. Aí você vai para o ecossistema. Temos um sistema de sinalização vital que permite que você consiga, na mesma malha, diminuir a distância entre os comboios. Diminuindo-se a distância entre os trens, aumenta a densidade de transporte e torna-se o sistema ferroviário mais produtivo. Isso combina performance, confiabilidade e tecnologia da locomotiva com sistemas eletrônicos e digitais embarcados não só no trem, mas também no ecossistema ferroviário. A Evolution é a base para essas novas tecnologias.

Por que a redução de emissões é tão importante para as ferrovias?
A redução de consumo de combustível impacta diretamente a emissão de CO2. As ferrovias têm nos próximos anos metas de reduzir as emissões em 30%, 50%… até a descarbonização total de suas atividades. Essa é uma de nossas jornadas de sustentabilidade. Temos o compromisso como companhia de liderar isso. Essa jornada da descarbonização não tem uma só solução. É uma gama de ofertas e na qual a ES44ACi é um dos pilares importantes. Reduzir o consumo de diesel em 6% sem grandes mudanças no trem já é um diferencial importante.

E qual o custo dessas novas locomotivas?
A nossa jornada de trazer essa tecnologia até aqui implicava manter os padrões de competitividade e também de mercado. Então, essa tecnologia surge com todos esses diferenciais e conseguimos manter essa competitividade comparada à tecnologia anterior. Os benefícios são gerados para que o cliente e o ambiente tirem vantagem disso.

Qual o horizonte de demandas para curto e médio prazos?
Estamos muito positivos e otimistas com o mercado. A renovação das concessões está sendo chave. Esperamos demanda entre 2023 e 2025 tomada com isso. Há um ambiente muito positivo também já em torno das autorizações, com mais de R$ 100 bilhões de investimentos. É por isso que vemos um horizonte de demanda de 100 locomotivas ES44 nos próximos cinco a 10 anos.

Qual o desafio ainda no futuro da Wabtec? O que vem depois?
Na nossa jornada de sustentabilidade com inovação como propósito, falamos muito da locomotiva a bateria elétrica FLXdrive. Fizemos em 2021 uma demonstração da primeira locomotiva Heavy Haul com 2,4 MWh. Fizemos mais de 15 mil milhas de revenue service nos EUA e conseguimos mais de 10% de eficiência energética no trem. Hoje, já temos tecnologias para máquinas acima 7MWh. Estamos em conversas com clientes para oferecer esses produtos com foco em segurança, performance e operabilidade. Um outro passo são os estudos de locomotivas a hidrogênio. Nos próximos 10 anos, vamos ter muitas novidades.

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