Aeroporto de São José dos Campos se prepara para ser terminal de low cost em São Paulo

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Um aeroporto a menos de 100 quilômetros de São Paulo, voltado para a operação de empresas aéreas low cost de passageiros. É o que definiu o grupo Aeropart/Jetfly, que assumiu no fim do ano passado a operação do Aeroporto de São José dos Campos (SP) numa concessão de 30 anos.

A unidade, que passou a se chamar SJK Airport, já está pronta para operar três milhões de passageiros por ano, mas atualmente está funcionando apenas para movimentação de carga aérea. Sua localização privilegiada, uma pista com capacidade para receber qualquer aeronave comercial e a capacidade de fazer embarques rápidos são as apostas da empresa para o aeroporto se tornar o destino desse tipo de companhia aérea no Brasil.

“O novo aeroporto do terminal São Paulo é o aeroporto de São José”, aposta Ronei Glanzmann, representante da concessionária.

Ex-secretário nacional de Aviação Civil, Ronei avalia que o cenário atual de recuperação do crescimento da aviação aos níveis pré-pandemia indica que o setor voltará à projeção de que a região de São Paulo (chamada terminal) opere entre 90 e 100 milhões de passageiros ao ano em pouco tempo (o nível já deve voltar aos 80 milhões em 2023).

No entanto, os três aeroportos principais que estão prontos – Guarulhos, Congonhas e Viracopos –, na avaliação dele, terão muita dificuldade para crescer nos próximos anos, especialmente nas horas pico. E os outros dois projetos de maior porte dentro do raio de 100 quilômetros de São Paulo – o Nasp e o Aeroporto Catarina – não devem operar voos comerciais.

“São José está na mesma distância de São Paulo que Viracopos. Temos três grandes rodovias que chegam aqui, e a principal delas, a Dutra, está passando por uma grande ampliação”, indicou Ronei, lembrando ainda que a própria região do Vale do Paraíba tem três milhões de habitantes, além de um dos maiores parques industriais do país.

O plano da concessionária para conseguir atrair as empresas de aviação para a operação (desde a pandemia não há mais operação de passageiros) é calcado em algumas alavancas. 

Combustível mais barato
A primeira delas é estabelecer com parceiros um modelo de conectividade com as cidades próximas e a capital paulista, especialmente a Zona Leste, numa operação que seja eficiente para os passageiros, deixando-os praticamente dentro do terminal, o que levaria a um ganho de tempo.

A segunda é obter junto ao governo de São Paulo os incentivos já existentes para a redução do ICMS do combustível de aviação e criar um modelo de logística com a Revap (Refinaria Henrique Lage), a maior produtora de combustível de aviação do país, para reduzir o preço do combustível na unidade.

“Nós vamos ter o combustível de aviação mais barato do Brasil”, garantiu o representante da empresa.

Com esses argumentos, a empresa já está conversando com as companhias aéreas low cost que operam na América do Sul. Há muitos anos essas companhias tentam entrar no Brasil para operar voos domésticos e indicam que um dos principais gargalos para esse tipo de operação é o alto valor do combustível para o setor nos voos nacionais.

Ronei lembra ainda que em todo o mundo há aeroportos de menor porte, mais distantes da área central, onde as companhias de baixo custo operam voos. A ideia é repetir esse modelo na unidade de São José. Segundo ele, com expansões, a unidade pode chegar a operar até 15 milhões de passageiros.

Escala do Santos Dumont
Já a retomada dos voos na cidade com as companhias aéreas tradicionais que estão no Brasil poderá ganhar novo impulso nas próximas semanas, a depender de como a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) regulamentará a portaria do Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil) que determinou, a partir de janeiro, restrições de voos no Aeroporto Santos Dumont (RJ) para aeroportos a até 400 quilômetros de distância.

Segundo ele, São José está nesse raio e pode receber voos do aeroporto central do Rio de Janeiro. A concessionária está levando às companhias aéreas a possibilidade de fazer com que São José seja uma escala de voos que saem do Santos Dumont para cidades como Brasília, Curitiba e Goiânia, que estão além do raio estabelecido pelo Conac.

“As conversas existem, mas vai depender de como a ANAC vai regulamentar. Estamos oferecendo essa opção. Independentemente disso, estamos trabalhando também para retomar os voos próprios”, disse Ronei.

Carga aérea
A Aeropart/Jetfly é uma empresa com grande experiência na operação de terminais de passageiros de pequeno porte e na logística. Está há mais de 20 anos na operação do Aeroporto de Cabo Frio (RJ), que se transformou num relevante movimentador de cargas aéreas para a região petrolífera da Bacia de Campos e de passageiros regionais.

Segundo Ronei, a unidade de São José dos Campos segue o mesmo nível de excelência nesse tipo de operação de carga e já tem conseguido fazer com que as cargas sejam desembaraçada na unidade em horas.

“Para a Embraer, que é nossa vizinha, a carga chega no almoxarifado deles em no máximo três horas”, garantiu Ronei.

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