Dimmi Amora, da Agência iNFRA
A CCR, maior operadora de concessões rodoviárias do país, já tem contratadas todas as obras que vão ser feitas em 2024 em sua carteira de projetos que alcança mais de R$ 26 bilhões, ao longo do tempo. Para o ano seguinte, 68% das obras já estão contratadas e, para 2027, o índice é de 40%. Os números foram informados pelo presidente da CCR Rodovias, Eduardo Camargo, em entrevista à Agência iNFRA neste mês.
Segundo Camargo, antecipar a contratação de obras é parte de uma política de formar o que ele chama de “parceiros” para o fornecimento na área de engenharia. Setor fortemente afetado pela crise econômica de 2015 e pela Lava Jato, Camargo diz que a CCR vinha apontando para o problema de falta de empresas do setor há alguns anos para dar conta do volume de investimentos privados das concessionárias.
“Conforme a gente consegue antecipar essas contratações, a gente vai tirando esse risco da nossa carteira e podemos fazer uma boa gestão da engenharia. Acho que esse é o grande tema, fazer uma boa gestão de engenharia, principalmente antecipando soluções”, disse Camargo.
Além da concessão da CCR RioSP, onde haverá o anúncio do pacote de obras previsto pelo contrato licitado em 2021, a CCR tem outras obrigações em concessões federais e do Estado de São Paulo para entregar nos próximos anos, informou o presidente.
Segundo Camargo, a CCR terá a maior campanha de pavimentação da AutoBan (Rodovia Anhanguera-Bandeirantes) com investimento total de R$ 1 bilhão, além de investimentos na Rodovia Castelo Branco para melhorias nas marginais e na duplicação da Raposo Tavares, todas concessões estaduais.
No caso de outra concessão federal que está em fase de investimentos pela CCR, a CCR Via Sul, cujo contrato é de 2019, as fortes chuvas no Rio Grande do Sul este ano afetaram o que já tinha sido implementado pela concessionária. Segundo Camargo, a previsão de investimentos no ano era de R$ 900 milhões nessa concessão que terão que ser revistos.
“Tivemos um sinistro estimado em R$ 250 milhões para reconstrução”, explicou o presidente, lembrando que a operação total da rodovia foi retomada sete dias após as chuvas, mas que agora está sendo avaliado o que foi perdido e terá que ser refeito e o que terá que ser reprogramado.
Monitoramento em tempo real
Para ele, é necessário avaliar o que terá que ser feito de forma diferente para que, num próximo evento, os problemas sejam reduzidos. Ele elogiou a portaria do Ministério dos Transportes que prevê o uso de recursos das concessões para estudos sobre resiliência climática.
Segundo Camargo, a CCR já tem mapeamento de pontos mais críticos das rodovias e está evoluindo para um monitoramento em tempo real de dados pluviométricos para eventualmente fechar as estradas em casos de ameaça de alagamento ou deslizamentos, por exemplo.
Maturidade da ANTT
Camargo avalia, no entanto, que será inevitável prever obras para tornar as estradas mais resilientes aos eventos climáticos extremos, até mesmo com a necessidade de variantes para evitar áreas mais complexas.
Há mais chances desse tipo de intervenção funcionar agora, para o presidente, devido à maturidade técnica que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) chegou nos últimos anos. A avaliação de Camargo é que a agência tem discutido os temas em “alto nível técnico”, buscando a “estabilidade dos contratos” e de forma “rápida e pragmática” em determinados assuntos, citando o reequilíbrio da Covid-19 como exemplo.
Camargo acredita que o projeto de lei encaminhado pelo governo de São Paulo à Assembleia Legislativa para tratar das mudanças para a reestruturação da agência reguladora de transportes do estado tem o poder para também fazer com que a agência local siga em rumo parecido.
Atualização: após a publicação, a CCR encaminhou novos dados corrigindo a informação repassada pela empresa anteriormente. Texto atualizado às 12h21 de 23/07/2024.