apresentado por Abcon Sindcon
O desafio de ampliar o acesso a água e esgoto no Brasil é grande, mas bons projetos são capazes de atrair capital. A avaliação é de Manuela Carmona, especialista em Infraestrutura e Energia do Itaú BBA, que falou no painel “Transformando a Infraestrutura Brasileira: Inovações e Parcerias Estratégicas” na primeira edição do evento Conexões Saneamento, promovido pela Abcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), em parceria de mídia com a Agência iNFRA.
“A grande verdade é que os bons projetos não têm problema de financiamento. A gente conseguiu ver isso nos leilões que aconteceram após o marco regulatório”, afirmou.
Durante o evento que celebrou os cincos anos do Marco Legal do Saneamento, ela lembrou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) continua sendo o “grande financiador da infraestrutura”, com cerca de R$ 40 bilhões em carteira destinados apenas ao saneamento.
Longo prazo
O diretor jurídico da instituição, Walter Baère Filho, reforçou que a agenda do banco não será impactada pelo ano eleitoral que se aproxima. “O BNDES não se preocupa com ciclo eleitoral. Ele se preocupa em fazer bons projetos (…) Se a gente pensasse [no ciclo eleitoral], não conseguiria nem financiar”, disse.
Baère destacou que atualmente nove iniciativas estão em andamento, entre elas a concessão dos serviços de água e esgoto de Porto Alegre (RS), com leilão previsto para 2027. Segundo ele, o banco tem utilizado instrumentos como debêntures faseadas para viabilizar projetos de longo prazo.
Defasagem
No cenário regulatório, Vinicius Benevides, presidente da Abar (Associação Brasileira de Agências Reguladoras), chamou atenção para a defasagem de pessoal e orçamento das reguladoras federais. Ele citou uma defasagem média de 30% a 50% no quadro de servidores das autarquias e lembrou que, entre 2010 e 2022, as reguladoras arrecadaram R$ 179 bilhões, mas receberam apenas R$ 74 bilhões. “Para investir no Brasil, o investidor olha o mercado, o ambiente político e o ambiente regulatório, que precisa garantir segurança para os contratos”, destacou.
O painel também trouxe exemplos de sucesso. O presidente da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), Luís Antônio Almeida Reis, ressaltou que o Distrito Federal já alcançou a universalização dos serviços de saneamento antes do prazo previsto em lei, 2033. Além disso, ele informou que a companhia tem cerca de R$ 4 bilhões em investimentos programados para os próximos cinco anos, já registrados na ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico).








