Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
Empresas de sísmicas têm enfrentado dificuldades com as licenças ambientais do Ibama para atuar na Bacia de Pelotas, no sul do país, e isso pode atrasar o desenvolvimento da atividade de petróleo nessa nova fronteira, disse nesta quarta-feira (29) a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos. Somente uma pequena fração da área total concedida à estatal e suas sócias em Pelotas teria sido mapeada até o momento, segundo a executiva. Ainda assim, a empresa já entrou com pedido de licenciamento para perfuração de dez blocos exploratórios na região, na tentativa de acelerar o processo.
“Quem faz a sísmica são empresas como a TGS Viridien. Elas é que pedem a licença, e isso leva um tempinho. Estavam tentando até uma licença conjunta. Na área toda que a gente tem, a gente só conseguiu licença para fazer [sísmica] mais ou menos em um sexto da área”, disse Sylvia. “O ideal é que eu tivesse a sísmica toda e aí escolhesse os melhores pontos para perfurar, a não ser que nessas duas faixas [já mapeadas] já tenha uma coisa maravilhosa”, continuou. Ela falou a jornalistas durante a OTC Brasil, que acontece esta semana no Rio de Janeiro.
A diretora da Petrobras explicou que uma das principais limitações para a atividade de sísmica é a migração anual da população de baleias jubarte, que vão da Antártica para Abrolhos, no litoral Nordeste, passando pela costa brasileira entre julho e novembro. Enquanto ocorre a migração, a atividade fica suspensa. “Quando elas estão lá em Abrolhos, as empresas ficam livres para atuar”, resumiu.
Segundo Sylvia, no ritmo atual, ainda haverá entre um e dois anos de atividade sísmica para completar toda a área concedida à Petrobras e suas sócias (Shell e a chinesa CNOOC), que perfazem 32 blocos obtidos nos leilões de áreas deste ano e de 2023.
A duração das sísmicas podem caminhar paralelamente às perfurações, mas a demora na primeira etapa já liga um alerta sobre a demora no licenciamento, sobretudo após a demora do processo relativo ao primeiro poço no litoral do Amapá, na Margem Equatorial. Pelotas é uma espécie de plano B da Petrobras, depois da Margem, para reposição de reservas anos antes do início do declínio do pré-sal, previsto para o início da próxima década.
Em maio, o diretor de exploração e desenvolvimento da Shell, Lucio Prevatti, chegou a dizer publicamente que a companhia já analisava os perfis sísmicos e que a primeira perfuração do consórcio com a Petrobras poderia acontecer em 2028, com previsão de primeiro óleo mais de dez anos depois.








