Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recuou no discurso de que os sistemas de armazenamento seriam contemplados no LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade) previsto para agosto deste ano. Nesta segunda-feira (3), ele disse que ainda existem pendências tecnológicas e regulatórias quanto ao uso das baterias no sistema elétrico nacional, e que a tecnologia só estará no certame quando for “tecnicamente adequado”.
“Já é público o meu desejo de já ter no primeiro leilão, mas existem ainda pendências regulatórias e tecnológicas. Vencidas essas pendências, nós teremos condições de colocar nos primeiros leilões, mas só podemos fazer com segurança [de] que os leilões vão ser feitos, que a demanda vai ser dimensionada e que a partir do leilão concluído essa tecnologia vai poder ser implantada”, disse a jornalistas após participação no CNN Brasil Talks, em São Paulo.
Questionado sobre os prazos, uma vez que o leilão está previsto para 30 de agosto, Silveira afirmou que “há completamente tempo pra isso, o que nós precisamos é coragem pra decidir”.
“Se for tecnicamente adequado, será feito neste leilão. Se não for, nós teremos outros leilões pela frente, e com certeza essa tecnologia tão importante será incentivada no Brasil”, disse.
Energia firme
O ministro enfatizou que ainda não há, no mundo, capacidade de armazenamento que torne as energias consideradas intermitentes, como solar e eólica, estáveis. “Hoje nós ainda somos dependentes das energias moduláveis, firmes, tão necessárias à segurança energética no Brasil”, afirmou.
Apesar das questões tecnológicas, na avaliação de Silveira, o Brasil caminha a “passos largos” na construção regulatória para as baterias.
Leilão de agosto
Em 8 de março, o MME (Ministério de Minas e Energia) abriu consulta pública e divulgou minuta de portaria com as diretrizes do LRCAP, prevendo contratação apenas para fontes termelétrica e hidrelétrica. Apesar disso, dias depois, o ministro Alexandre Silveira disse que o governo incluiria as baterias no leilão deste ano.
“O Brasil avança na transição energética, nós vamos contemplar as baterias para ajudar a impulsionar o investimento em baterias, para que possam cada vez mais se modernizar e fazer com que as energias intermitentes – e isso será um grande salto no mundo – se tornem energias estáveis”, afirmou Silveira na época, em painel com investidores estrangeiros na CERAWeek, em Houston, Estados Unidos.
A expectativa quanto à inclusão da tecnologia foi reforçada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, posteriormente, após participação em audiência pública no Senado Federal. “Acho que vai estar aberta essa possibilidade”, disse à imprensa sobre o leilão.
“[Isso] possibilitará o incremento da [energia] eólica e solar, que têm vantagens gigantescas, e o Brasil tem vantagem competitiva, eu diria que o limitador do solar e eólico é a necessidade de energia firme, o que, resolvendo o problema tecnológico do armazenamento via baterias, resolve esse problema.”