Gabriel Vasconcelos, Marisa Wanzeller, Lais Carregosa e Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA
A disputa por dois cargos até então ocupados por Pietro Mendes se intensificou com sua aprovação para a diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis): as cadeiras de presidente do CA (Conselho de Administração) da Petrobras e de secretário nacional de Petróleo e Gás Natural do governo. Segundo fontes, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tentará indicar um nome para os dois cargos.
Para a assumir a secretaria do ministério, estão cotados Tabita Loureiro, diretora técnica da PPSA, e Marcello Weydt, diretor do Departamento de Gás Natural do MME. Ambos já teriam, inclusive, recebido sondagens.
Não está descartado, porém, que os dois mais cotados, Tabita e Marcello, dividam os cargos em jogo (CA da Petrobras e secretaria) nem que o indicado à Petrobras receba apenas uma cadeira ordinária no colegiado de onze membros da estatal, sem presidi-lo.
A manutenção de um secretário do MME na presidência do conselho contraria um arranjo construído ainda no fim do ano passado para que o representante da Casa Civil, o secretário da pasta Bruno Moretti, assumisse a liderança do conselho com a saída de Pietro. Moretti assumiria já na assembleia de acionistas de abril, o que acabou não acontecendo. Mas seu nome pode voltar à baila agora para chefiar o conselho, o que seria um avanço da influência da Casa Civil na estatal. Também circula a informação de que a presidente da companhia, Magda Chambriard, estaria articulando um nome próximo a ela para a cadeira do conselho.
Apesar dos relatos de que Silveira tentaria indicar à cadeira da petroleira um nome do MME, fontes do governo dizem que o ministro não se oporia ao nome de Bruno Moretti.
Prós e contras
O fato de Moretti já ser membro do conselho pode pesar a seu favor para que assuma o cargo. Isso porque, para ingressar no Conselho, o currículo do indicado precisa passar por uma análise de conformidade da área de governança da empresa. Moretti já foi aprovado pela governança e já poderia ocupar a vaga de Pietro como substituto por decisão do conselho, e com eleição definitiva para o cargo de presidente em assembleia de acionistas, a ser realizada no primeiro semestre de 2026.
Quanto à disputa entre Tabita Loureiro e Marcello Weydt, a avaliação é que Weydt teria maior aceitação em Brasília, por já integrar o corpo técnico do ministério, enquanto Tabita teria melhor trânsito dentro da Petrobras. Ela tem boa relação com Magda Chambriard, com quem já trabalhou na ANP.
Presidência interina
Pietro Mendes renunciou nesta quarta-feira (20) à sua cadeira no Conselho de Administração da Petrobras. Para a Petrobras, a saída imediata de Pietro implica em uma presidência interina no conselho, a ser exercida por um membro ativo do colegiado, pelo menos até que um nome de fora seja aprovado para a função, o que passa primeiro pelas instâncias de governança interna – com emissão dos relatórios chamados BCG e BCI (background-checks de governança e integridade) – depois pelo Cope (Comitê de Pessoas do Conselho) e, finalmente, pelo pleno do colegiado. Pelo histórico, esse processo, iniciado após a indicação formal do governo, leva algumas semanas.
Uma alternativa, apurou a Agência iNFRA, seria efetivar, já nos próximos dias, um representante do governo que já integra o conselho para presidi-lo e apenas deixar uma cadeira aberta para a chegada de Tabita ou Weydt.
Como envolveria nome já avalizado pela governança da Petrobras, isso pode ser feito rapidamente no âmbito do Conselho e evitaria qualquer ruptura nos trabalhos do colegiado, que funcionaria normalmente com dez membros e teria à sua frente alguém já inserido nas discussões correntes. Nesse caso, o candidato natural para a função seria Moretti, que está no CA da Petrobras desde abril de 2023.
Enquanto não há um nome efetivo na cadeira, um representante do governo já no CA poderá exercer sua presidência interina, sendo o mais cotado o advogado Renato Galuppo.








