da Agência iNFRA
O primeiro dia de atividades do Abdib Experience 2021, realizado na última semana, ficou marcado pelo lançamento de duas importantes iniciativas: a Plataforma de Projetos e o Livro Azul da Infraestrutura Edição 2021. Ambos podem ser acessados nos respectivos links.
A plataforma digital é uma base de dados online, constantemente atualizada com as oportunidades de investimentos em projetos dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, em diversos setores da infraestrutura. De acordo com Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o objetivo é prover a sociedade de uma fonte confiável de informações, para melhor servir ao mercado e atrair competidores para o setor.
A base de dados já conta com oportunidades mapeadas nos setores de energia, hidrovias, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento, entre muitas outras, nas modalidades de concessão ou PPPs (parcerias público-privadas). E também oferece, com base na pesquisa realizada, projeções esperadas para os próximos anos em vários setores. Neste link é possível ver uma demonstração de busca realizada na plataforma.
O Livro Azul da Infraestrutura, por sua vez, é definido por Tadini como “uma fotografia do cenário de projetos no país hoje”, e também é fruto da base de dados. Em suma, é a apresentação quantitativa e a análise qualitativa, ou o “estado da arte”, dos investimentos em infraestrutura nos três níveis federativos.
Diagnóstico
Tadini aproveitou a oportunidade para apresentar algumas perspectivas ancoradas nos dados levantados pela Abdib. Em termos gerais, os números mostram que o capital privado tem aumentado a sua participação em investimentos em infraestrutura. Por exemplo, em 2010, o Estado representava 56% do montante total dedicado. Já em 2020, o poder público responde por 21,1%, enquanto o particular soma 78,9%.
Contudo, o número também releva uma perspectiva nada animadora. Considerados os valores em preços do ano passado, o país investiu R$ 152 bilhões em 2010, chegando ao ápice de R$ 188 bilhões em 2014, somados os capitais público e privado. Mas em 2020, esse montante está em R$ 124 bilhões – o menor em toda a série compilada pela Abdib. Além disso, o montante de investimentos em infraestrutura está praticamente estacionado desde 2016, sempre na casa dos R$ 120 e R$ 130 bilhões anuais.
Dos R$ 124 bilhões realizados em 2020, o setor mais contemplado foi energia elétrica, com 45,4% do bolo. Em seguida vem telecomunicações, com 25,1%, transportes e logística, com 18,5%, e saneamento, com 11%. Esse último setor, contudo, revela um imenso potencial para influenciar a recuperação econômica do país.
Estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional) compilado pela Abdib aponta que, em países emergentes, como o Brasil, para cada US$ 1 milhão investido em saneamento, são gerados, em média, 35 empregos. Em estradas, por exemplo, a mesma injeção de recursos é capaz de gerar, em média, seis postos de trabalho.
Segundo Tadini, o estudo conclui que, mesmo com amplos programas de PPPs e concessões, as necessidades para a superação dos gargalos estruturais e históricos precisam também estar amparadas pelo aumento do investimento público. Especialmente em projetos em que não exista atratividade ou condições econômicas para que o privado atue.